terça-feira, 14 de maio de 2013



Balneário Morro dos Conventos precisa de mais respeito das autoridades públicas


Não é de hoje que organizações ambientais como a Oscip Preserv’ação, vêm participando ativamente com dezenas de denúncias aos órgãos ambientais e ministérios públicos de crimes ambientais no balneário Morro dos Conventos, com destaque as construções irregulares em áreas de APP, muitas das quais embargadas por não apresentarem licenças ambientais.  Das inúmeras denúncias e ofícios encaminhadas solicitando audiências à Fama, Polícia Ambiental, Ministérios Federal e Estadual, pedindo providências para coibir os infratores, muitas das ações não tiveram respostas ou continuam arrolando na justiça esperando decisão definitiva.
Um tema importante que os membros da Oscip Preserv’ação vem discutindo insistentemente nos encontros, que ocorrem de quinze em quinze dias, é sobre a necessidade urgente de debater os problemas ambientais do balneário com a sociedade araranguaense e o poder público, como também encaminhar propostas alternativas que proporcione o desenvolvimento do bairro sem comprometer o frágil ecossistema. É consenso de todos que o modo como vem se sucedendo a ocupação e a mobilidade na parte inferior do balneário, sem um planejamento adequado, acredita-se que as futuras gerações cobrarão de nós, pois se depararão com um ambiente totalmente modificado, sem dunas, sem restinga e, na praia, uma placa fixada alertando a população de que a água é imprópria para banho.   
Um dos caminhos possíveis para evitar que problemas como esses não ocorram, garantindo o desenvolvimento com preservação, é colocar em prática o que já vem sendo discutido há aproximadamente 20 anos, ou seja, a criação de uma Unidade de Preservação abrangendo a vasta área da falésia e todo seu entorno, incluindo as dunas e restingas. Tal iniciativa deve ser coordenada pelo poder público municipal, porém, em hipótese alguma, deve excluir das discussões a população do bairro e do município, com também as entidades não governamentais vinculadas ao meio ambiente, órgãos ambientais, ministérios públicos e demais seguimentos da sociedade.
O não cumprimento dessas etapas, que se concretizaria com a efetivação da unidade de preservação, qualquer proposta ou empreendimento idealizado para o Balneário deve ser questionado e combatido. É inadmissível que representantes do poder público municipal, tanto do legislativo como do executivo, ocupem espaços da mídia local prometendo projetos mirabolantes para o balneário sem compreensão clara do seu teor.  Acredita-se que a própria população, que conhece detalhadamente cada metro quadrado do bairro, de imediato percebeu que tais idéias lançadas não apresentam nenhuma consistência. Como é fácil ir ao rádio ou a TV e abrir o verbo com promessas  sem que a própria população tivesse conhecimento prévio do projeto apresentado ou, quem sabe, algum membro da Oscip Preserv’ação fosse consultado para ouvi-lo (la) e solicitar sugestões.
   Nada disso ocorreu, e por isso, os membros da Oscip Preserv’ação vêm a público repudiar tais “delírios” para o balneário, sem que antes a população ou a entidade ambiental sejam ouvidas. Não podemos aceitar que continue prevalecendo no município de Araranguá práticas antigas de governo, onde tudo era pensado e decidido por um grupo de ditos “iluminados”, que por estar a frente de um cargo, acham-se no direito de decidir por si próprio o que é “desejado” pela sociedade. Esse tipo de prática autoritária deve ser combatida. Ouvir atentamente o que pensam as pessoas, o que desejam para o seu bairro, é uma prática que deve ser exercitada dia após dia, ano após ano, pois só assim será possível construir uma cidade verdadeiramente sustentável e livre.